quinta-feira, 5 de novembro de 2009

O que acontece no Rio de Janeiro

Não sei bem se isso é uma pergunta ou afirmação. A safra de exposições está boa. Decidi correr atrás do atraso e fui ver o Marc Chagall no Museu Nacional de Belas Artes e o Bandeira de Mello na Caixa Cultural.

Começei com o Chagall. Como era quinta a tarde, pensei que ia me deliciar sozinha. Tola. A exposição estava cheia, muitos senhores e senhoras, mas também com alguns jovens, inclusive o que estava na minha frente, que veio de Niterói. Expo pequena, poucas pinturas e muita gravura. Deu pra conhecer um outro lado do Marc Chagall, o lado menos explorado. Panorama interessante de pintores brasileiros influenciados pelo Chagall. Passou bonito.

Na outra quadra da Avenida, está o Caixa Cultural. Lá estão em cartaz as exposições do Lan e do Bandeira de Mello. No Lan passei batida, desenhos datados, não estava no clima 80's.
Mas o Bandeira, minha nossa!!!! Eu conheço o Bandeira, foi meu professor na faculdade durante dois anos, da cadeira modelo vivo. Devo dizer que apesar de reconhecer sua genialidade suas aulas foram desestimulantes. O Bandeira vivia esculhambando meus desenhos porque, a essa altura do campeonato, eu tenho uma forma muito particular de desenhar, um traço muito caracterítico. Bandeira é academicista, ele não aceita nenhuma deturpação da realidade e meus desenhos parecem mais vindos de uma edição de Adult Swim. Na outra faculdade eu tinha um professor, o Sérgio Andrade, um dos maiores ilustradores que eu já conheci (que me apresentou o Alceu Penna). Olhava meus desenhos e ria. Dizia: "Aline, é a sua cara!". Isso é que é professor, não tentou mudar meu traço e sim o estimulava cada vez mais a ficar único.

Enfim, apesar de eu não achar o Bandeira um bom professor ele como artista é algo hors concours. Seus desenhos em carvão são tão detalhados e precisos que me lembravam as gravuras do Dürer. As expressões de suas figuras humanas são impregnadas de emoção. E como ver uma foto da série Harry Potter, um desenho que é vivo, se mexe, vibra. Bandeira é um gênio.
O que acontece no Rio de Janeiro? Vi o Bandeira sozinha. O ócio dos educadores era tão grande que eles pareciam implorar por uma pergunta. Chagall estava lá pleno. Bandeira com o ar parado. O que eu acho mais intrigante é que a exposição do Chagall nem está tendo muita divilgação na mídia.E devo ainda dizer que o horário que eu entrei na galeria da Caixa era o de maior movimento no Centro do Rio: 17h30. Então, por que escolher o Chagall invés do Bandeira?


"Com você eu sou jovem" Marc Chagall para sua esposa Vavá.

Site Lydio Bandeira de Mello
(Imperdível)